Durante estes primeiros anos de trabalho da monitoria da Novo Encanto no Núcleo R. L. iniciamos pelo mais básico, que em nosso caso era solucionar o problema da antiga fossa negra que servia a propriedade e já estava comprometida. Com o voto de confiança dado pela direção do núcleo, principalmente através do apoio do C. Rinaldo, a proposta de construção de uma “fossa ecológica” foi aceita e realizada pela própria irmandade, inclusive a escavação no terreno pedregoso que nos rendeu umas 5 ou 6 escalas de trabalho duro, união e boas recordações!
Um Núcleo ABC, começa pelo A, de Água e assim iniciamos o trabalho no então “Pré-Núcleo R. L.” antes mesmo de haver uma monitoria da Novo Encanto formalizada, realizando o tratamento da água negra, proveniente das privadas, evitando a contaminação das águas subterrâneas que utilizamos em nosso poço artesiano e produzindo boas safras de bananas bem adubadas!
Na sequência deste trabalho foi realizada a construção de um sistema de tratamento da água cinza (toda a água usada que não vem das privadas). Este sistema, por não ser usual, não dispunha de literatura ou cartilha didática que pudesse nos orientar em sua construção, que desta forma foi feita de maneira experimental, exigindo muitas adaptações para corrigir os defeitos que surgiram ao longo de seu desenvolvimento. Sua conclusão demandou mais de 1 ano de trabalho, muita paciência e perseverança!
Concluído o tratamento de toda a água utilizada no núcleo, passamos ao gerenciamento dos resíduos sólidos. Estes eram descartados no lixão do município de Bonfinópolis, desprovido de qualquer processo de tratamento, contribuindo com o risco de contaminação tanto do solo quanto do lençol freático daquela região, utilizado para captação de água de diversas famílias.
O primeiro passo foi realizar a triagem do material reciclável que o núcleo produz. Lixeiras apropriadas à coleta seletiva foram adquiridas com recursos da tesouraria somados às contribuições mensais dos sócios da Novo Encanto. Para armazenar este material até o momento de repassá-lo às cooperativas de reciclagem, foi feito um depósito utilizando-se um material renovável e bastante versátil: o bambu. Esta iniciativa teve por objetivo tanto a educação ambiental quanto a solução prática de construção. Foi realizada uma oficina de tratamento das varas de bambu através de uma técnica artesanal, utilizando-se fogo e verniz.
Esta oficina serviu também como uma oportunidade didática abordando temas como a importância da reciclagem, do manejo adequado de resíduos e do uso de materiais renováveis na construção. Forma construídas composteiras de metal para a transformação dos resíduos de alimentos em adubo para o plantio.
Com estas ações chegamos mais próximos do ponto de “Emissão Zero” de resíduos no Núcleo R.L., com o tratamento/destinação adequados de praticamente todo o resíduo líquido e sólido gerado pelo núcleo. Nosso objetivo é que além desta ação prática no âmbito da UDV, este exemplo seja repetido em casa pelos sócios do núcleo.
A próxima meta da monitoria é a consolidação da parceira Novo Encanto e Departamento de Plantio, atuando no sentido da implementação plena das técnicas de manejo agroflorestal na área de plantio existente e na expansão do plantio em áreas que hoje se encontram degradadas com a presença de pastagem e que podemos recuperar com a implementação de agrofloresta, que além de possibilitar o cultivo do mariri e chacrona e gerar mais equilíbrio àquele ecossistema, pode nos garantir recursos financeiros a curto, médio e longo prazo.
Leandro Moura _ Monitor da Novo Encanto do N.R.L