4 de junho de 2009

Nascentes do João Leite agonizam


Ação da polícia civil identifica falta de proteção em 90% das nascentes da bacia do João Leite

Almiro Marcos - O POPULAR - 04/06/09

Cerca de 90% das 150 nascentes da Bacia do Ribeirão João Leite estão desprotegidas ou sofrendo grave ameaça. Os problemas incluem desmatamento, lançamento de esgoto, erosões e existência de lixões nas áreas de nascentes. A constatação é da Delegacia Estadual do Meio Ambiente (Dema), cujas equipes circularam, durante três meses, pela bacia.

Os impactos verificados na bacia levaram a Dema a identificar 40 dos principais agressores dos córregos. Eles foram indiciados por crimes ambientais diversos e os relatórios encaminhados ontem para as comarcas de Goiânia, Goianápolis e Anápolis. “Se fôssemos mais a fundo identificaríamos muito mais. Mas estes indiciados servirão como exemplo para os demais”, explica o titular da Dema, Luziano Carvalho.

Além das atividades potencialmente poluidoras existentes ao longo da bacia, como cultura de tomate, agropecuária e suinocultura, também foi registrada a ausência de mata ciliar em todos os córregos. Um dos desafios dos órgãos ambientais, segundo a Dema, é encontrar caminhos para a recuperação das áreas de proteção permanente (APPs).

A Delegacia do Meio Ambiente aponta como preocupação especial as cabeceiras dos córregos. No conjunto de nascentes do Ribeirão João Leite apenas a principal foi recuperada. Ela fica na Serra do Sapato Arcado, em Ouro Verde. As demais nascentes estão desprotegidas e correm risco de ficar ainda mais degradadas.

Erosão

A situação se repete em todos os municípios da bacia. Em Goianápolis, por exemplo, foi identificada uma erosão de 300 metros de comprimento, sendo que no ponto mais profundo tem 20 metros e no mais largo 80 metros. A voçoroca fica na nascente do Córrego Fundão.

A terra que é levada pela água assoreou uma represa localizada abaixo e já está aterrando outra. O buraco está a pouca distância de dois bairros e só foi descoberto pela Secretaria de Meio Ambiente do município há dois meses.

Porém, informações de moradores indicam que a erosão existe há 20 anos. “Eles nos disseram que o buraco cresceu mais a partir do asfaltamento de dois bairros, que canalizam água de chuva para cá”, disse o secretário de meio ambiente, José Divino Costa.

Luziano Carvalho diz que o ribeirão merece atenção especial por conta da sua importância para a capital e corre o risco de comprometer o projeto de abastecimento de água. A barragem que vai formar o reservatório de água de Goiânia fica no manancial e deve ser fechada a partir de setembro deste ano.

A lista de 40 agressores da bacia traz principalmente empreendimentos que funcionam sem licença ambiental e outros que estão poluindo. Na relação estão postos de combustível, suinocultores, piscicultores e proprietários de lavouras, além de pessoas físicas que construíram em áreas de preservação ambiental.

Degradação ameaça água da barragem

A barragem do Ribeirão João Leite, cuja represa vai ser responsável pelo abastecimento de água da capital, está com 99% das obras civis prontas. A informação é da área de engenharia da empresa Saneamento de Goiás (Saneago), responsável pela obra.

A expectativa é que em setembro deste ano seja iniciado o enchimento do lago. “Já requisitamos até mesmo a licença para operação na Secretaria de Meio Ambiente”, explicou o fiscal das obras da barragem, engenheiro Caio Antônio de Gusmão.

Ele salientou que a Saneago possui um levantamento a respeito da degradação na bacia e que existem vários programas ambientais a serem implantados. “Sabemos que a qualidade da água aqui na barragem vai depender de toda a bacia”, considera.

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